15/11/2016 - RESIDUOS - Comcap
Horta medicinal feita em mutirão no parque
Médicos da rede municipal participaram como voluntários da ação liderada pelo especialista Alesio Dos Passos Santos

foto/divulgação: Adriana Baldissarelli

Horta medicinal implantada em mutirão no Parque Jardim Botânico

Em torno de 60 pessoas participaram sábado (12) de mutirão para implantação da horta medicinal no Parque Jardim Botânico de Florianópolis. Sob os cuidados do especialista em plantas medicinais Alesio Dos Passos Santos, foram feitos 12 canteiros, em formato de mandala, cada um correspondente a um sistema e horário do corpo humano.

 

Antes e durante o plantio, Alesio e o médico César Paulo Simionato, que trabalha na rede pública municipal e é servidor da Ufsc, apresentaram as plantas e trocaram conhecimento com os voluntários. Alesio lembrou que a vida é feita de rituais e que é preciso resgatar pensamentos do bem. Sugeriu que, na hora de colher uma erva para fazer chá, se peça licença à planta, na hora de preparar o remédio e a comida se faça orações, porque rezar ajuda o sistema imunológico.

 

Farmácia viva


Para quem tem pouco espaço em casa, Alesio sugeriu três opções de vasos, dependendo da característica familiar.

 

Se a família tiver adolescente, poderia ter um vaso de mil em rama que alivia a dor, alfavaca cravo que alivia a cólica e melissa, que acalma.

 

Quem tem crianças, deve fazê-las decorar o vaso e usar plantas aromáticas para formar memória olfativa, como alecrim, hortelã, que é digestivo e solta os vermes, e manjericão ou orégano.

 

Em casa que tenha pessoas de idade mais avançada, deve-se cultivar a erva de baleeira para artrite, artrose, reumatismo e contusões. Trata-se de uma planta da restinga, que é fácil de cultivar e é nutracêutica, porque nutre e cura.

 

Mais de 80% usam


De acordo com o médico César Paulo Simionato, várias unidades de saúde de Florianópolis já contam com hortas de plantas medicinais e o sentido “é tentar recuperar o uso antigo que é feito ainda hoje pela população, mas que era negligenciado na formação dos recursos humanos em saúde”. O médico é formado praticamente sem ouvir falar das plantas medicinais, mas quando sai para o mercado de trabalho encontra uma população em que a ampla maioria usa plantas medicinais e que precisa ser orientada sobre o uso correto desses recursos naturais.

 

 “Precisamos resgatar uma coisa que estamos perdendo que é a simplicidade da vida, os tratamentos óbvios para muitas mazelas e a não dependência da indústria farmacêutica. Essa tentativa é de fazer as pessoas perceberem que quase 80% dos seus problemas de saúde podem ser resolvidos com chás, com atividade física e alimentação correta”, recomenda Simionato.

 

Chá, exercício e boa alimentação


Segundo ele, há uma sabedoria popular clara, as pessoas usam plantas que já conhecem há muito tempo. Ainda assim, é difícil apurar a informação hoje sobre plantas medicinais, porque, há pouca literatura adequada e as informações de internet muitas vezes não são confiáveis. “Nesse aspecto, a população está abandonada. Paga imposto, então ajuda a treinar o médico, depois esse profissional não tem condições de informá-la sobre coisas que ela já usa.”

 

O médico da família Murilo Leandro Marques atua no Centro de Saúde da Lagoa da Conceição e também esteve no mutirão do Parque Jardim Botânico de Florianópolis. Seu contato com a fitoterapia começou nas hortas de casa, com a avó, e com algum chá ou xarope que sua mãe fazia. Na graduação, contou ele, teve a sorte de estudar na Ufsc, onde há a disciplina optativa de plantas medicinais. Já na rede municipal, na unidade do Saco Grande, na relação com a Pastoral da saúde, teve a chance de aprender como plantar, manipular, fazer tinturas e xaropes.

 

Permacuidado na rede municipal

“No campo da saúde, as plantas surgem como opção terapêutica, mas quando se começa a trabalhar com a terra, literalmente cava-se mais fundo: o espaço de uma horta é terapêutico também pelo encontro das pessoas, pelas boas sensações que são proporcionadas e pelo aprendizado de coisas novas”, apontou.  

 

Esse movimento que reúne vários conceitos tem sido “semeado”, explicou o médico, como permacuidado. É a mistura da permacultura com a promoção da saúde. “A síntese de momentos como esse são vários tipos de cuidado ao mesmo tempo: com a terra, o ambiente, com o a saúde do indivíduo e com o coletivo.”

 

 

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